Comecei o ano bem e com o otimismo renovado pelo clima de mudança de calendário. Que bom pra mim e para quem pode assim se sentir!
Coincidência com esta época de renovação, comecei a ler umas provocações filosóficas que muito me agradaram e me fizeram querer compartilhar pensamentos e idéias que eu já pensara em publicar aqui no blog:
Acho mesmo urgente dividir com voces um trechinho do que o filósofo Mario Sergio Cortella escreveu em seu livro "Não nascemos prontos":
{O futuro saqueado}
Estamos vivendo um saque antecipado do futuro! Parece alarmista ou até piegas, mas continuamos esboroando e furtando as condições de existência para as próximas gerações ... . Essa é uma situação inédita, pois, durante toda a trajetória evolutiva e histórica da espécie, a grande preocupação de qualquer comunidade humana vinha sendo garantir a continuidade e a melhoria das estruturas de manutenção da vida para os descendentes.
A questão central nesse saque não é exclusivamente a ... degradação do meio ambiente e dos recursos naturais ... O fulcro da problemática é, isso sim, os adultos admitirmos e promovermos o apodrecimento da esperança nas novas gerações. A elas vimos negando o futuro, e com facilidade, ouvem de nós aterradores prognósticos. (Não haverá futuro! Não haverá emprego! Não haverá natureza!) Também desqualificamos o presente e o passado delas. (Isso não é vida; vocês não sabem brincar! Vocês não tiveram infância! Isso que vocês comem é só porcaria! Isso não é música, é barulho!).
A tudo isso se dá um ar de fatalidade que indica a crença na impossibilidade de alterar essa rota coletiva; ...
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Não é casual que haja um aumento desproporcional de jovens ... que desvalorizam a vida, começando pelo desprezo pela própria integridade física e mental; são vítimas fáceis das drogas fatais e do álcool sem medida, proporcionadores de felicidade (ou fuga) momentânea. Claro, desse modo, sem futuro, o presente fica insuportável ...
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Há uma estonteante presentificação do futuro que pode sequestrar a compreensão da vida como história e processo coletivo, fazendo, por exemplo, parecer que ... o terceiro milênio ... recém iniciado, ... fosse esgotar-se nas próximas decadas.
E Mario Sergio cita Oscar Wilde: "As crianças começam por amar os seus pais; quando crescem, julgam-nos; algumas vezes, perdoam-lhes".